sábado, 2 de outubro de 2010

"INEZITA BARROSO "


Inês Madalena Aranha de Lima ou simplesmente Inezita Barroso
nascida 4/3/1925, São Paulo, SP,
Filha de uma família tradicional, começou a cantar aos sete anos de idade. Aos nove, já admirava o poeta modernista Mário de Andrade, que morava ao lado de sua casa à Rua Lopes Chaves na Barra Funda, em São Paulo, a quem esperava passar todo dia enquanto brincava de patins. Aos 11 anos, começou a estudar piano. Fez o curso de Biblioteconomia. Iniciou a carreira nos anos 40, cantando músicas folclóricas recolhidas por Mário de Andrade na Rádio Clube do Recife. Depois de casada, voltou ao canto e ao violão, estreando em 1950 na Rádio Bandeirantes, de São Paulo, a convite de Evaldo Rui. Participou em seguida da transmissão inaugural da TV Tupi, canal 3, e trabalhou como cantora exclusiva da Rádio Nacional, de São Paulo, transferindo-se mais tarde para a Record. Ainda em 1950 participou do filme "Ângela", dirigido por Tom Payne e Abílio Pereira de Almeida, e realizou recitais no T.B.C., no Teatro de Cultura Artística e no Teatro Colombo. Em 1951, passou a atuar na Rádio Record, onde apresentou em 1954, o programa "Vamos falar de Brasil". Ainda em 1951, gravou seu primeiro disco, interpretando "Funeral de um Rei Nagô", de Hekel Tavares e Murilo Araújo e "Curupira", de Waldemar Henrique. Em 1953, gravou "O canto do mar" e "Maria do mar", de Guerra Peixe e José Mauro de Vasconcelos. No mesmo ano, gravou um de seus discos de maior sucesso, a moda "Marvada pinga", de Cunha Jr., que trazia do lado B o samba "Ronda", de Paulo Vanzolini, que só veio a se tornar um sucesso na década de 60, quando foi gravado pela cantora Márcia, mas que no disco de Inezita ficou totalmente eclipsado pelo sucesso da moda de viola do lado A. Outras gravações realizadas na Victor foram "Dança do caboclo" (Heckel Tavares) e os sambas "Os estatutos da gafieira" (Billy Blanco) e "Isso é papel, João?" (Davi Raw e Cícero Galindo Machado). Ainda em 1953, participou dos filmes "Destino em apuros", de Ernesto Remani e "Mulher de verdade", de Alberto Cavalcanti. Com este filme, recebeu o Prêmio Saci, de melhor atriz. Em 1954, gravou "Coco do Mané", de Luiz Vieira e passou ainda a apresentar, semanalmente, programas sobre folclore na TV Record. Recebeu o Prêmio Roquette Pinto de melhor cantora de rádio da Música Popular Brasileira, e o Prêmio Guarani como melhor cantora de disco. Participou dos filme "É proibido beijar", de Ugo Lombardi e "O craque", de José Carlos Burle. Seu primeiro LP, "Inezita Barroso", foi lançado pela Copacabana, também em 1955, com um repertório folclórico que incluía, entre outras, "Banzo" (Heckel Tavares e Murilo Araújo), "Funeral dum rei nagô" (Heckel Tavares e Murilo Araújo), "Viola quebrada" (Mário de Andrade) e "Mineiro tá me chamano" (Zé do Norte). Em seguida lançou os LPs "Canta Inesita", "Coisas do meu Brasil" e "Lá vem o Brasil". Ainda em 1955, gravou as canções de domínio público, "Meu casório" e "Nhá Popé". No mesmo ano, participou como atriz e cantora do filme "Carnaval em lá maior", de Adhemar Gonzaga, que representou o Brasil no Festival de Punta Del Este no Uruguai. Ainda em 1955, recebeu novamente os Prêmios Saci, como melhor atriz, e Roquette Pinto, como melhor cantora de Música Popular, com o disco "Vamos falar de Brasil". Nesse período, realizou uma série de gravações de divulgação do folclore, que serviram para ilustrar um ciclo de conferências realizadas por professores da USP. Seus trabalhos ficaram conhecidos por Jean Louis Barrault, Marian Anderson, Vittorio Gasmann e Roberto Inglês, que de passagem pelo Brasil, levaram seus discos para a Europa, onde obtiveram divulgação em diversas emissoras. No mesmo período, no LP "Inezita apresenta", onde gravou somente músicas compostas por mulheres, sendo as autoras presentes no disco Babi de Oliveira, Juraci Silveira, Zica Bergami, Leyde Olivé e Edvina de Andrade. Em 1956, publicou o livro "Roteiro de um violão". Em 1958, gravou outro de seus grandes sucessos, a valsa "Lampião de gás", de Zica Bergami e Hervé Cordovil. Gravou, também, a clássica toada "Fiz a cama na varanda", de Dilu Melo e Ovídio Chaves. Em 1960 lançou pela Copacabana o LP "Eu me agarro na viola" (Valdemar Henrique), faixa de abertura do disco, além de "Leilão" (Heckel Tavares e Joraci Camargo), "Moda da mula preta" (Raul Torres e João Pacífico), "Moda do conde camarão" (Cornélio Pires e Mariano da Silva) e "Canção da guitarra" (Marcelo Tupinambá e Aplecina do Carmo). Em 1961 lançou novo LP "Inesita Barroso", com "Casa de caboclo" (Heckel Tavares e Luís Peixoto), "Viola quebrada", regravação do seu primeiro LP, "Tamba-tajá" (Valdemar Henrique), "Roda carreta" (Paulo Ruschel) e "Carreteiro" (Barbosa Lessa). Em 1962, saiu da Record e começou a enfrentar dificuldades para fazer gravações, em virtude da manutenção intransigente de uma linha de trabalho da qual não abriu mão. Em 1968, no LP "O melhor de Inesita", gravou "Banzo" e "Funeral dum rei nagô", regravações do seu primeiro LP, o "Hino dos fuzileiros navais", ou "Cisne branco" (Antônio Manuel do Espírito Santo e Benedito X. de Macedo), "Lampião de gás" (Zica Bergami) e "Moda da pinga" (Laureano), os dois números mais populares. Em 1969 gravou o disco "Clássicos da música caipira-volume I", onde interpreta, entre outras, "Chico Mineiro", de Francisco Ribeiro e Tonico, "Do lado que o vento vai", de Raul Torres, "Baldrana macia", de Anacleto Rosas Jr. e Arlindo Pinto, "Sertão do Laranjinha", de Tonico, Tinoco e Capitão Furtado e "Pingo d'água", de Raul Torres e João Pacífico. No mesmo ano recebeu um troféu do I Festival de Folclore Sul-Americano, na cidade de Salinas no Uruguai. Nos anos 1970, dedicou-se a viajar realizando pesquisas musicais, além de realizar recitais pelo interior do país e fazer gravações para programas especiais para diversos países, entre os quais, União Soviética, Israel e Estados Unidos. Em 1970 lançou o LP "Modinhas", onde se destacam as composições "Canção da felicidade" (Barroso Neto e Nosor Sanches) e "Conselhos" (Carlos Gomes). Ainda em 1970, realizou documentário que representou o Brasil na Exposição 70, no Japão. Em 1972, lançou o segundo volume dos "Clássicos da música caipira", onde interpretou, entre outras, "Rio de lágrimas", de Piraci, Lourival dos Santos e Tião Carreiro, "Divino Espírito Santo", de Canhotinho e Torrinha, "Destinos iguais", de Capitão Furtado e Laureano e "Rei do café", de Teddy Vieira e Carreirinho. Em 1975, gravou o disco "Inezita de todos os cantos", onde interpretou pontos de candomblé, sambas anônimos do Rio de Janeiro e Niterói, números folclóricos de Mato Grosso, além das composições "Negrinho do pastoreio", de Barbosa Lessa e "Asa branca", de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. A partir de 1980, começou a apresentar o programa "Viola minha viola", aos domingos, pela TV Record de São Paulo. Gravou na Copacabana, no mesmo ano, o LP "Jóias da música sertaneja 2". Por essa mesma época, realizou recitais e conferências pelo Brasil, além de apresentar-se com Oswaldinho do Acordeon em shows do Projeto Pixinguinha. De 1982 a 1996, lecionou Folclore na Universidade de Mogi das Cruzes. A partir de 1983, começou a lecionar na Faculdade Capital de São Paulo. Em 1985, foi homenageada pela Escola de Samba Oba-Oba, de Barueri, que cantou sua vida e obra em enredo de carnaval. No mesmo ano, após cinco anos sem gravar, lançou pelo selo independente Líder, o LP "Inezita Barroso: A incomparável", cujo repertório foi escolhido pelos fãs. Nesse período, apresentou por cinco anos na Rádio Universidade de São Paulo o programa "Mutirão". A partir de 1990, e durante nove anos, apresentou na Rádio Cultura AM o programa "Estrela da manhã", das cinco às sete horas da manhã. Em 1992, apresentou-se no Teatro do Sesc, em São Paulo, ao lado da violeira Helena Meirelles e da dupla Pena Branca e Xavantinho. Em 1996, gravou com o violeiro Roberto Corrêa o CD "Voz e viola", onde interpretou, entre outras, "Flor do cafezal", de L. C. Paraná, "Perfil de São Paulo", de Bezerra de Menezes, "Tamba-tajá", de Waldemar Henrique, "Chalana", de Mário Zan e Arlindo Pinto e "Romaria", de Renato Teixeira. Em 1997, com o mesmo Roberto Correia gravou o CD "Caipira de fato", onde interpretou entre outras, "A coisa tá feia" e "A viola e o violeiro", de Tião Carreiro e Lourival dos Santos, "Siriema", de Mário Zan e Nhô Pai e "Adeus Campina da Serra", de Cornélio Pires e Raul Torres. No mesmo ano, recebeu o Prêmio Sharp de Melhor Cantora Regional. Em 1998, participou juntamente com Zé Mulato e Cassiano, Paulo Freire e Pereira da Viola, do disco "Feito na roça", de Bráz da Viola e sua Orquestra de Violeiros, de São José dos Campos. Gravou, entre outros, composições de João Pacífico, Raul Torres, Teddy Vieira, Angelino de Oliveira, Mário Zan, Tião Carreiro, Marcelo Tupinambá, Villa-Lobos, Guerra Peixe, Hekel Tavares, Noel Rosa, Capiba e Dorival Caymmi. Dentre seus sucessos estão, "O menino da porteira", de Teddy Vieira e Luizinho, "Engenho Novo", de Hekel Tavares, "Trem de Alagoas", de W. Henrique e Ascenso Ferreira, "Cantilena", de Villa-Lobos, "Peixe vivo", do folclore mineiro, "Luar do sertão", de Catulo da Paixão Cearense e João Pernembuco e "De papo pro á", de Joubert de Carvalho. Fez apresentações na França, União Soviética, Itália, Estados Unidos, Israel, Paraguai e Uruguai, entre outros. Seu disco "Danças gaúchas", é considerado por ela como um dos mais importantes de sua carreira, por ter sido incluído como material básico de estudo no currículo de muitas escolas brasileiras. Ficou conhecida como "A Rainha do Folclore". Em 2000 lançou pelo selo CPC/UMES o CD "Sou mais Brasil", interpretando, entre outras, "Viola enluarada", de Paulo Sérgio e Marcos Valle e "A saudade mata a gente", de João de Barro e Antonio Almeida. Ainda hoje apresenta todos os domingos o seu programa "Viola, Minha Viola", na TV Educativa, e continua gravando discos e se apresentando em shows. É considerada uma das cantoras veteranas brasileiras que melhor conservou a qualidade da sua voz com o passar dos anos.

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