domingo, 22 de maio de 2011

"CYRO MONTEIRO"


Cyro Monteiro nasceu no Rio de Janeiro, em 28/5/1913, na Estação do Rocha, sendo o quarto de nove irmãos, todos com nomes começados com “C”. Era sobrinho do grande pianista de samba Nonô (Romualdo Peixoto) e primo de Cauby Peixoto. Passou a infância e a juventude em Niterói. Cantava em festas e rodas de amigos. Fazia dueto com seu irmão Carino, inspirados na dupla Sylvio Caldas-Luiz Barbosa. Numa emergência, já que conhecia todo o repertório deles, a pedido do próprio Sylvio, foi substituir Luiz Barbosa num programa da Rádio Educadora. Isso em 1933. Preferiu, porém, não desfazer a dupla com o irmão e voltou a Niterói.

No ano seguinte, foi levado para um teste na Rádio Mayrink Veiga. Aprovado, foi escalado para um programa diurno, mas logo subiria para os noturnos, com Carmem Miranda, Francisco Alves, Mário Reis, Custódio Mesquita, Noel Rosa, Gastão Formenti e outros artistas de renome. Se Luiz Barbosa marcava o ritmo no chapéu de palha e Joel de Almeida foi seu seguidor, Cyro descobriu na caixa de fósforo sua característica “instrumental”.

Alias, Luiz Barbosa e Joel Almeida tiveram pouco depois outro grande seguidor e parceiro de Cyro: Dilermando Pinheiro, considerado por muitos ao fazer shows com Cyro seu melhor parceiro nos palcos; o que fez Cyro certa vez comentar com a esposa Lú após mais uma fuga de Dilermando do hotel “a la Tim Maia” antes de um show de ambos, e Lú lhe aconselhando que em razão das muitas “sumidas” de Dilermando desfizesse a dupla, ao que retrucou lacônico : — “Não posso Lú, o homem é insubstituível !!! ”





Como também das muitas de suas tiradas engraçadas que faziam a diversão dos amigos que disse quando Carmem Miranda ao ouvi-lo cantar ; que além de ter a voz bela e aveludada que ele era o sambista que melhor cantava os sambas da época , Cyro confessou à amigos que ao ouvir este elogio da grande e bela Carmem ficou “louro de olhos azuis”.
Gravou o primeiro disco na Odeon, para o carnaval de 1936, com os sambas “Vê Se Desguia” e “Perdoa”, sem maior repercussão, mesmo porque o ano foi concorridíssimo. Em meados de 1938, grava o samba “Se Acaso Você Chegasse” (Lupicínio Rodrigues/Felisberto Martins), que abre o caminho para ele e Lupicínio. Era seu primeiro disco na RCA Victor. Cyro tinha voz, ritmo, sabia modular e improvisar. Notável também era sua capacidade de fazer amigos, por causa do seu calor humano e infinita bondade.
Como parte desta bondade apregoada pelo grande Vinicius, tinha sempre em um dos bolsos dinheiro trocadinho e balas para dar as crianças que sempre o paravam na rua Silveira Martins no Catete onde morava e no outro dinheiro a mais para emprestar a algum amigo necessitado que sempre aparecia.
Na contracapa do LP “Senhor Samba”, lançado por Cyro pela gravadora Columbia, em 1961, Vinicius de Moraes definiu: “Cyro, pra lá do cantor e do homem excepcional, é um grande abraço em toda a humanidade”.
Cyro era apelidado de “Formigão” pelos amigos e também era conhecido como “O Cantor das Mil e uma Fãs”. Grande torcedor do Flamengo, era respeitado até mesmo pelos simpatizantes de times adversários. Morreu no Rio, em 13/7/1973, aos 60 anos. Foi sepultado no Cemitério São João Batista, “ao som da marcha do Flamengo, cantada por integrantes da torcida jovem, coberto com a bandeira do clube e da Estação Primeira de Mangueira”.