domingo, 4 de julho de 2010

" DOLORES DURAN "


(Adiléa da Silva Rocha) Mais conhecida como DOLORES DURAN
7/6/1930, Rio de Janeiro, RJ - 24/10/1959,
Rio de Janeiro, RJ Foi uma cantora brasileira.
Terceira dos quatro filhos do casal Armindo José da Rocha e Josefa Silva da Rocha. O pai era sargento da Marinha. Nasceu na Rua do Propósito, situada no bairro da Saúde, centro do Rio de Janeiro. Desde os três anos de idade já cantava. Aos cinco, já participava das festas populares de reisado e do grupo de pastorinhas (saía vestida de anjo), realizadas no bairro. Morou nos subúrbios cariocas de Irajá e de Pilares. Teve reumatismo infeccioso, um dos motivos do problema cardíaco que lhe acometeu na idade adulta. Aos dez anos, incentivada pelo amigo da família chamado Domingos, resolveu participar do programa de calouros de Ary Barroso (Calouros em Desfile). A pequena Adiléa escolheu a música "Vereda tropical", que interpretou fantasiada de mexicana, com letra em português e espanhol. Tirou nota máxima, o elogio de Ary e 500 mil-réis. Logo depois apresentou-se no programa Escada de Jacó e, passando a integrar sua equipe, cantava todos os domingos em shows de bairros, em cinemas e em teatros. A partir daí, passou a aparecer em vários programas da época, sempre aos domingos. Depois da morte do pai quando a cantora tinha doze anos, a mãe, por necessidade, apressou sua profissionalização. Dolores passou a atuar no "Teatro da Tia Chiquinha", programa infantil da Rádio Tupi carioca, mesmo ganhando cachês baixos. A mãe resolveu procurar o diretor da rádio, Olavo de Barros, para pedir um aumento nos cachês. Olavo resolveu o problema, levando a menina para atuar em uma temporada de peças infantis realizada no Teatro Carlos Gomes. Dolores participou da montagem de "Mãe-d'Água", "Primavera", "Aladim e a lâmpada maravilhosa" e "O gaúcho". Nessa época, gostava de ouvir discos de músicas estrangeiras (inglês, francês, italiano e espanhol). Percebendo que tinha facilidades na pronúncia em vários idiomas, passou a aprender várias músicas para interpretar. Foi esse fato que a fez participar do concurso "À procura de uma cantora de boleros", organizado por Renato Murce e realizado na Rádio Nacional. Apesar de não vencer o concurso (a vencedora foi Rosita Gonzalez), passou a freqüentar a rádio, procurando aparecer em vários programas e conhecer os artistas da época. Um dia, numa apresentação em um dos programas, foi ouvida pelo Dr. Lauro Pais de Andrade e esposa, que a convidaram para um teste na Boate Vogue (estabelecimento do empresário Barão von Stuckart). Na ocasião do teste, cantou em vários idiomas, o que lhe valeu um contrato. Tinha desesseis anos e passou a usar o nome artístico de Dolores Duran a partir daí. Num desses shows na Vogue, é vista por César de Alencar, que a convida para trabalhar em seu programa que ia ao ar nos sábados pela Rádio Nacional. É contratada com o salário de 150 mil-réis por mês. Começa a ser conhecida na noite carioca, freqüentando e se apresentando em várias boates, tais como a Vogue, Beguine, Little Club, Baccarat, Casablanca, Acapulco e Montecarlo. Nesse período de apresentações em shows noturnos, conheceu Ella Fitzgerald, que elogiou sua interpretação de "My funny Valentine" (de Hodges e Hard) e Charles Aznavour, que riu muito quando a cantora o chamou de Gringo. Fez amizades com personagens famosos da crônica carioca: Sérgio Porto, Antônio Maria, Nestor de Holanda e Mister Eco. Gravou o primeiro disco em fins de 1951, lançado para o carnaval de 52, com os sambas "Que bom será", de Alice Chaves, Salvador Miceli e Paulo Marques e "Já não interessa", de Domício Costa e Roberto Faissal, pela Star. Em 1952, também pela Star, gravou os sambas-canções "Outono", de Billy Blanco e "Lama", de Paulo Marques e Alice Chaves. Em 1954, começou a tornar-se conhecida do grande público. Neste ano, gravou com grande sucesso "Canção da volta", de Antônio Maria e Ismael Neto, e "Bom é querer bem", de Fernando Lobo. Em 1955 apresentou-se em Punta del Este, Uruguai. Nesse ano gravou "Praça Mauá", de Billy Blanco e "Carioca", de Antônio Maria e Ismael Neto, e ainda "Pra que falar de mim", de Ismael Neto e Macedo Neto, e "Manias", dos irmãos Celso e Flávio Cavalcanti. Na gravação de "Pra que falar de mim", conheceu o radioator Macedo Neto, com quem casou-se em 8 de julho de 1955. O casal não teve filhos, mas adotou uma menina, Maria Fernanda Virgínia da Rocha Macedo. Nesse ano, fez excursão ao Uruguai e compôs sua primeira música: "Se é por falta de adeus", em parceria com Tom Jobim, gravada por Dóris Monteiro. Gravou um de seus sucessos como intérprete: "A fia de Chico Brito", de Chico Anísio. Ainda neste ano, integrou a Caravana de Paulo Gracindo, atuando em circos, nos subúrbios cariocas e viajou em excursão para a Argentina e Uruguai com o violonista Bola Sete e seu conjunto. Em março de 1957, Tom Jobim compôs nova parceria com Tom Jobim: "Por causa de você". Em março daquele ano, o jovem compositor mostrou a Dolores uma composição feita há poucos dias em parceria com Vinícius de Moraes. A cantora ficou encantada com a melodia e ali mesmo escreveu outra letra. Jobim tocou no piano a música e ela cantou seu poema. Ao terminarem, Dolores escreveu o seguinte bilhete para Vinícius: "Esta é a letra que fiz para esta música. Se não concordar, é covardia!" O poeta, sem hesitar, rasgou sua própria letra, admitindo que a de Dolores era bem melhor. Em 1958, a própria cantora gravaria a música ("Ah! Você está vendo só/ Do jeito que eu fiquei/ E que tudo ficou..."). Logo em seguida, a dupla fez nova parceira: "Estrada do sol", gravada com sucesso por Agostinho dos Santos. Em 1958, fez excursão junto com outros artistas (Jorge Goulart, Nora Ney, Conjunto Farroupilha) à então União Soviética. Decidiu abandonar o grupo e seguiu para Paris, onde ficou um mês se apresentando numa boate freqüentada por brasileiros. De volta ao Brasil, compôs em parceria com o amigo e pianista Ribamar os sambas-canções "Quem sou eu", "Pela rua" (gravada por Tito Madi - Continental 17712 b, 1959),"Se eu tiver" e o samba "Idéias erradas". Ainda em 1958, compôs "Castigo", um samba-canção que fez sucesso na voz da cantora Marisa Gata Mansa e também na gravação de Roberto Luna. Por essa época se separou de seu marido. Dolores chegou a manter um romance com o músico e compositor João Donato, mais novo do que ela. Mas o namoro chegou ao fim, quando Donato foi morar no México. Compôs em 1959, sozinha, seu grande sucesso: "A noite do meu bem", que gravou antes de falecer. Teve outros poemas musicados por Ribamar depois de sua morte: "Ternura antiga" e "Quem foi". A primeira foi inscrita por Ribamar num festival da TV RIO (As dez mais lindas canções de amor) e acabou classificando-se em segundo lugar. Na madrugada de 23 de outubro de 1959, depois de um show na boate Little Club, a cantora saiu com amigos para uma festa no Clube da Aeronáutica. Ao sair da festa, resolveram 'esticar' no Kit Club. A cantora chegou em casa às sete da manhã. Ao dirigir-se para seu quarto, disse à empregada: "Não me acorde, estou muito cansada. Vou dormir até morrer." De fato, faleceu ainda naquela manhã, enquanto dormia. Suspeita-se que havia abusado de barbitúricos e de bebida alcoólica. Depois de sua morte, a amiga e cantora Marisa Gata Mansa entregou alguns de seus versos para serem musicados por Ribamar, quando passou a ser cultuada como compositora. Em 1960, Lúcio Alves gravou um LP dedicado às suas obras. Em 1970, o teatrólogo Paulo Pontes escreveu e produziu o show "Brasileiro, profissão esperança" (estrelado por Maria Bethânia e Raul Cortes, com direção de Bibi Ferreira), espetáculo que rememorou vários sucessos da cantora. Paulo Gracindo e Clara Nunes permaneceriam cerca de oito meses em cartaz no Canecão, na remontagem do espetáculo. Uma nova montagem, sempre com direção de Bibi Ferreira, viria a público em 1999, com a própria Bibi e Gracindo Jr. Na década de 1980, Marisa Gata Mansa entregaria a Carlos Lyra uma letra inédita de Dolore Duran. Da parceria póstuma nasceria "O negócio é amar", gravada por Nara Leão, entre outros. Dolores Duran teve músicas gravadas por grandes intérpretes da música nacional e internacional, como Milton Nascimento ("A noite do meu bem"); Tito Madi ("Ternura antiga"); Gal Costa ("Estrada do sol'); Maysa ("Por causa de você") e Frank Sinatra, que gravou em seu LP "Sinatra & Company", de 1971 (Reprise Records), a versão de "Por causa de você", com o título "Don't ever go away". Elis Regina gravou "Estrada do Sol" e também uma versão em francês para "A noite do meu bem" . Em 1994, recebeu homenagem de Nana Caymmi, que gravou um CD só com obras suas com o título "A noite do meu bem - As canções de Dolores Duran". No final dos anos 90, o Centro Cultural Banco do Brasil apresentou o musical "Dolores", com texto de Douglas Dwight e Fátima Valença e direção de Antônio de Bonis. O elenco era estrelado por Soraya Ravenle e a direção musical coube a Tim Rescala. Em 2009 a gravadora Biscoito Fino lançou o CD "Dolores Entre Amigos", como gravações inéditas descobertas pela jornalista Ângela Almeida durante uma pesquisa para uma biografia sobre a vida de Tom Jobim. As gravações foram feitas em épocas diferentes, sendo a primeira parte do CD gravada por Geraldo Casé durante um sarau caseiro realizado entre os anos de 1958 e 1959, onde Dolores foi acompanhada pelos músicos Baden Powell, Chiquinho do Acordeon e Manoel da Conceição. As três últimas faixas do disco, editadas como faixas bônus, foram gravadas em 1949 na casa do casal Helenita e Raul Marques de Azevedo, quando Dolores ainda não era uma cantora profissional.

Nenhum comentário:

Postar um comentário